quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O presépio português

Presépio de Machado de Castro

Há várias referências escritas sobre a existência de presépios desde o séc. XVI em Portugal. Contudo não ficaram provas materiais dos mesmos. Pensa-se que no séc. XVII o presépio se começou a generalizar nas igrejas portuguesas, mas é do séc. XVIII que datam os famosos presépios barrocos portugueses, fomentados por D. João V, talvez a exemplo do que se fazia em Itália (não nos esqueçamos que o rei tinha uma brigada de espiões pela Europa...). Estes presépios, em barro, têm a originalidade de, para além das figuras principais relacionadas com a Natividade, representarem figuras e cenas tradicionais (moinhos, fornos, lavadeiras, pastores...). O presépio passou a decorar o Natal de igrejas, conventos e casas particulares até ao séc. XIX, caindo em desuso com a introdução da Árvore de Natal (talvez com D. Fernando, marido da rainha D.Maria II). É recuperado no séc. XX, por influência da Igreja e do próprio Salazar, no Estado Novo. Hoje é um elemento muito comum e objecto de colecção (veja-se o caso da Primeira Dama... e eu própria...).

Isto tudo, para vos desejar, a leitores e colaboradores do nosso Blog, um Feliz Natal!!!
Luísa Godinho

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O "abalo" do Marquês

Em Novembro de 2005 foi descoberta por um grupo luso-italiano a falha geológica Marquês de Pombal a 100Km a sudoeste do Cabo S. Vicente (Algarve). Sim, na mesma zona onde ocorreu o epicentro do sismo da semana passada e no mesmo local onde se julga que tenha sido o epicentro do grande sismo de 1755. Escusado será dizer que tal tem significado um avanço na pesquisa do que aconteceu na manhã de 1 de Novembro de 1755 e que já revelou que este sismo terá tido uma intensidade de 8.3 na escala de Richter.
Que diria o Marquês depois do seu nome ter sido associado a uma falha geológica?

David Silva, 11ªE

domingo, 20 de dezembro de 2009

Arbeit Macht Frei - O Trabalho Liberta

A conhecidíssima frase em ferro fundido, Arbeit Macht Frei, que se encontra no portão da entrada do campo de concentração nazi de Auschwitz, desapareceu na noite de 18 de Dezembro. No seu lugar está agora uma cópia, que normalmente é colocada sempre que a placa original é limpa.
Auschwitz, declarado Património da Humanidade pela UNESCO, foi um campo de concentração nazi, na Polónia. Este campo foi composto por três unidades: Auschwitz I, Auschwitz II (Birkenau) e Auschwitz III (Monowitz). A primeira unidade, a funcionar a partir de 1940, correspondia à administração e os prisioneiros (membros da resistência e intelectuais polacos, alguns judeus, prisioneiros comuns alemães e homossexuais) saíam diariamente para trabalhar nas construções do campo. A segunda unidade, construída em 1941, foi o campo de extermínio onde morreram nas câmaras de gás, entre 1941-45, mais de um milhão de judeus e também ciganos. Era aqui que ficavam os fornos crematórios, mas se os corpos fossem demasiados para a capacidade dos fornos, queimavam-se em fogueiras ao ar livre. A terceira unidade, construída em 1942, era um campo de trabalho de apoio à indústria militar e química alemã.
Como foi humanamente possível?
Compreende-se que, para os judeus, o roubo da placa seja considerado uma profanação da sua memória histórica, daí a o incómodo que tal facto está a causar, mas não só entre a comunidade judaica mundial como entre os cidadãos do mundo livre e democrático. É perigoso tentar apagar a História. O que te parece?
Luísa Godinho

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

TERRAMOTO DE 1755

A 1 de Novembro de 1755, Portugal sentiu o maior e mais destrutivo terramoto de que há memória.
O abalo de magnitude 8,75 na escala de Ritche fez entre 40 a 80 mil vítimas. Calcula-se que só em Lisboa tenham morrido 20 mil das 200 mil pessoas que habitavam a capital na época.
O epicentro foi no mar, por isso o sismo provocou ainda um maremoto que fez estragos significativos nas costas oeste e sul da Península Ibérica e no norte de África.
Foram destruídas ou danificadas 32 igrejas, 60 capelas, 31 mosteiros, 15 conventos e 53 palácios.
Como tudo aconteceu:
9h40 – Lisboa sente um sismo de grande violência. Em poucos minutos, a cidade é revirada: formam-se fendas de várias dimensões nas ruas, o céu fica escuro devido aos gases sulfúricos exalados pela terra e à poeira, tornando a atmosfera quase irrespirável.
10h00 – Aquando da primeira réplica, as vagas de um maremoto gerado atingem Lisboa. As águas do Tejo chegam 15 metros de altura, galgam as paredes do cais e avançaram pela Baixa de Lisboa adentro mais de 500 metros. Muitos dos sobreviventes das casas destruídas vieram a falecer nas ondas do maremoto.
16h00 – As águas sobem em Creston Ferry, Inglaterra, só voltando ao seu normal cerca de oito minutos depois.
19h30 – A primeira onda do maremoto atinge Antígua, na costa americana, a 6000 km de Lisboa. Aqui o nível das águas chegou a atingir cerca de 3.50m.
Hoje, em Portugal, um sismo de 6.0 na escala de Richter foi sentido, durante vários segundos, ao início da madrugada.
Na capital, o abalo foi sentido com intensidade, mas há registos em várias zonas do país, nomeadamente no Alentejo e Algarve e também no centro e norte do país.
O sismo teve a duração de alguns minutos, mas apenas foi sentido pelas pessoas durante cinco a oito segundos.
Em Espanha, o Instituto Geográfico Nacional aponta para um sismo de 6.3 sentido na Andaluzia, mas também na Estremadura e Madrid.
Isabel Pinto

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Afonso de Albuqueque, o "terribil"


Terribil.
Eis como Camões definiu Afonso de Albuquerque.
Comandante militar, estratega geopolítico e soldado de Quinhentos, Albuquerque foi ainda integracionista convicto e percursor de um multiculturalismo sem complexos. Um líder nato.
Sob o seu governo, conquistámos Goa, Ormuz e Malaca, fechando quase por completo as portas do Índico à navegação árabe e ao comércio de turcos, genoveses e venezianos.
É sua a ideia de fazer um raid a Meca com a finalidade de raptar o corpo do Profeta, apenas o entregando caso os muçulmanos devolvessem Jerusalém à Cristandade. É também seu o plano de, por meio de levadas, desviar o curso do rio Nilo do Mediterrâneo para o Mar Vermelho, a fim de secar o poder do sultão do Egipto, que ameaçava os interesses portugueses no Oriente.
Proibiu o sati, o abominável costume hindu de sacrificar a viúva na pira funerária do marido morto. Prática a que os ingleses apenas no séc. XIX ousaram por termo.
Armas e balas eram, para Albuquerque, “a moeda em que El-Rei de Portugal mandava aos seus capitães” pagar impostos a Estados estrangeiros que reclamassem o senhorio de terras conquistadas pelos Portugueses.
Na última carta a D. Manuel, Albuquerque escreve, desgostoso, que “mal com os homens por amor del Rey, e mal com El Rey por amor dos homens, bom he acabar”.
Não sem que antes recomendasse ao monarca o seu filho nos seguintes termos: “as cousas da Índia ellas falaram por mim e por elle: deixo a Índia com as principaes cabeças tomadas em vosso poder, sem nella ficar outra pendença senam cerrar se e mui bem a porta do estreito” de Áden.
Cumprem-se hoje exactamente 494 anos sobre a morte de Afonso de Albuquerque. E daqui a dois dias 48 sobre o fim do Estado Português da Índia.

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Texto de Rui Crull Tabosa no blog 31 da Armada.
Achei curiosa a forma como Afonso de Albuquerque é retratado e, acima de tudo, interessantes alguns factos sobre a sua acção nos Descobrimentos portugueses.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sidónio, uma ditadura e um ex-reino

Foi extremamente interessante, a questão que a Prof. Isabel Isidoro levantou no comentário que deixou ao post sobre Sidónio Pais.

Sobre Sidónio, humildemente digo que é uma figura que respeito e aprecio, pela sua grande humanidade (consubstanciada nas "sopas do Sidónio", por exemplo) e por ser o perfeito exemplar do que uma república produz.

Penso que o primeiro ponto, da sua humanidade, não necessita de ser estendido. Mas gostaria de reflectir sobre o segundo:

Sidónio Pais surge num contexto que nunca teve igual no nosso país: a república, que prometera mundos e fundos, criara simplesmente uma nova nobreza, colocando os burgueses nos lugares cimeiros de uma sociedade que se manteve profundamente injusta. Essa "nobreza" não era, no entanto, como a outra, e nunca tivera nas suas mãos a possibilidade efectiva de exercer o poder como agora se lhe afigurava. Inexperiente, a burguesia republicana (especialmente a nortenha) pecava ainda por ser intelectualizada, teórica e provincial. Mal arrebanhou o poder, à lei da bala, e sem o conhecimento do povo (duas denúncias evidentes dos tiques autoritários da república), legislou e contra-legislou, nada conseguiu fazer para diminuir a pobreza e evoluir o país, criou uma escola pública que servia a poucos, humilhou a Igreja (que à data tinha uma importância indiscutível para a maioria da população) e comprometeu Portugal participando na I Guerra Mundial.

Já no ano de 1915 Pimenta de Castro tinha tentado uma ditadura, para governar o ingovernável. Sidónio Pais limitou-se apenas a cumprir o desígnio que a população lhe impunha: era necessário por ordem nesta nova nobreza.

Ora de nobres percebem os reis, e só um homem que se assemelhasse a um rei iria ser capaz de dominar os ímpetos republicanos, trazendo alguma tranquilidade à classe que efectivamente possuía o poder. Se fosse efectivamente um rei, Sidónio Pais teria alcançado os seus objectivos: a sua autoridade era inquestionável, podendo assumir o papel do chefe-de-estado paternalista, e convivendo perfeitamente com a existência do Parlamento. Poderia, tranquilamente, ter dirigido o país com calma, encaminhando-o para um sistema tendencialmente democratizado.

E foi isto que Sidónio entendeu, no seu tempo. Adaptando-o à realidade republicana, defendeu acerrimamente o presidencialismo como forma de governo, a única que poderia personificar (convém lembrar que alguns grupos monárquicos - não-integralistas - propunham, paralelamente, o regresso à monarquia com objectivos democratizantes). Sem a tranquilidade que um posto régio lhe daria, Sidónio caiu na tentação da ditadura. Adoptou uma postura que mimava um rei, mas falhou, porque ele próprio não passava de um republicano burguês, de um novo nobre.

Efeméride



Faz hoje 102 anos o arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer. Autor de centenas de edifícios governamentais, religiosos, entre outros, ficou ainda mais conhecido pela sua participação na construção da cidade de Brasília, Brasil.
Com plano da cidade de Lúcio Costa e projecto dos edifícios pelo arquitecto modernista, a cidade ficou conhecida pela rapidez de construção e pelos edifícios inspirados no ideal socialista.
No final deste ano será inaugurado o seu projecto mais recente, a Cidade Administrativa de Minas Gerais, já falada por ser o maior prédio suspenso do mundo.


Tomás, 11E

domingo, 13 de dezembro de 2009

À Memória do Presidente-Rei Sidónio Pais



(...)
Soldado-rei que oculta sorte
Como em braços da Pátria ergueu,
E passou como o vento norte
Sob o ermo céu.
Mas a alma acesa não aceita
Essa morte absoluta, o nada
De quem foi Pátria, e fé eleita,
E ungida espada.
Se o amor crê que a Morte mente
Quando a quem quer leva de novo
Quão mais crê o Rei ainda existente
O amor de um povo!
Quem ele foi sabe-o a Sorte,
Sabe-o o Mistério e a sua lei.
A Vida fê-lo herói, e a Morte
O sagrou Rei!
(...)

Fernando Pessoa (poema integral aqui)

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Celebram-se hoje 91 anos da morte de Sidónio Pais, assassinado na Estação do Rossio a 14 de Dezembro de 1918. Foi Presidente da República de Portugal, tendo governado de forma ditatorial. Foi odiado e amado pelo povo, que lhe deu a alcunha de Presidente-Rei.

Brasil reconhece papel do navegador português Pedro Teixeira

Pedro Teixeira (1570?-1641) foi um militar e navegador português, nascido em Cantanhede (Coimbra). Partiu para o Brasil em 1607, onde os índios lhe chamaram "Curiua-Catu", Homem Branco Bom e Amigo. A sua acção foi reconhecida na última semana pelo Senado Brasileiro pois, além de participar na expulsão dos estrangeiros do território português no Brasil, descobriu os rios Tapajós, Negro e Madeira e foi o responsável pelo facto do rio Amazonas passar a pertencer na sua totalidade ao reino de Portugal (e posteriormente ao Brasil). Partiu de Cametá, no Pará, com duas mil pessoas em canoas, subiu os rios Amazonas e Negro até Quito (actual capital do Equador) e regressou a Belém do Pará 26 meses depois. Catalogou e cartografou mais de dez mil quilómetros da bacia hidrográfica do maior rio do mundo e, devido à sua expedição, mais de 62% da Amazónia é hoje território brasileiro.
A Portugal Telecom vai lançar o Prémio Pedro Teixeira, para estudantes portugueses e brasileiros de 12 a 18 anos. O prémio para os nossos estudantes é uma viagem ao Brasil..
TOCA A H!STOR!AR!!!

Luísa Godinho

Para quem odeia finais felizes...




Numa entrevista publicada pela agência noticiosa russa INTERFAX e difundida globalmente pela CNN na passada sexta,o General Vasily Khristoforov, cabeça da FSB (antiga KGB), revelou finalmente o paradeiro dos restos mortais de Hitler.
O ditador, assim como Eva Braun, Goebbels (chefe da propaganda nazi) e a sua família, terão sido enterrados em 1945 e mais tarde transladados (Magdeburgo, 1946). Em 1970 uma operação do KGB chamada «The Archives» tratou da cremação ao ar livre dos cadáveres e do seu lançamento ao rio Biedritz.
Actualmente a Rússia ainda possui o maxilar e um fragmento do crânio de Adolf Hitler que, confirmam os russos, se suicidou duplamente: ingestão de cianeto e tiro.


Consultar: CNN, Times Online e Público.


Tomás, 11E

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Brasões da Quinta dos Marqueses de Pombal, Oeiras



João Mateus e Luís Alpedrinha, 11ºE

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Os Prémios Nobel

O presidente norte-americano, Barack Obama, recebeu hoje, dia 10 de Dezembro de 2009, o Prémio Nobel da Paz em Oslo (Noruega). Para além deste prémio, foram entregues em Estocolmo (Suécia) os Prémios Nobel da Física, da Química, da Medicina, da Literatura e, ainda, o "Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel" (indevidamente chamado Nobel da Economia, financiado com dinheiros públicos do Banco Central Sueco).
Todos os anos, desde 1901, são entregues a 10 de Dezembro (data do aniversário da morte de Alfredo Nobel) os prémios Nobel. Estes prémios são financiados por uma enorme herança deixada por Alfred Nobel, químico e inventor da dinamite, e gerida pela Fundação Nobel. Sem filhos, no seu testamento nada deixou aos herdeiros directos, mas determinou a criação de uma instituição, à qual caberia distinguir todos os anos pessoas que prestassem grandes serviços à Humanidade. O português José Saramago foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998.
Luísa Godinho

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Para que serve a História?

A História é uma ferramenta que nos ajuda a compreender o presente, o mundo que nos é revelado diariamente pelos media.
Conhecer o passado, é um saber valioso, mas incompleto. O estudante de História deve procurar no passado entendimento para os factos presentes. Por exemplo, a recente entrada em vigor do Tratado de Lisboa (1 de Dezembro de 2009) não é um facto isolado, mas decorre de um longo processo de construção europeia. Conhecer esse processo, as suas dificuldades e sucessos, ajuda-nos a compreender mais claramente as instituições europeias actuais e o significado deste Tratado, bem como as reservas à sua aplicação.
Luísa Godinho

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O presente é o que nos interessa...

"A observação do passado não se destina a um macabro trabalho de desenterrar os mortos. Não é uma viagem ao reino das sombras.(…) O que está morto, está morto. De facto, só me interessam as coisas vivas, que me interpelam, que se metem comigo. Só me interessa o presente e a maneira de me movimentar no espaço e no tempo em que vivo. Quero com isto dizer que só me atrai, no passado, aquilo que me permite compreender o presente."
José Mattoso (historiador)