terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Natal no Mundo: Festa de Natal da ESQM

É já na próxima sexta-feira, dia 17 de Dezembro, a partir das 10h00, que se realiza a festa de Natal da nossa Escola, da responsabilidade do Clube do Património.
O programa será muito variado, com a participação de alunos, professores, funcionários e Encarregados de Educação.

Noites Com Poemas

Um grupo de alunos do 12ºE da nossa Escola vai dinamizar a "Noite com Poemas" do próximo sábado, dia 18 de Dezembro, na Biblioteca de S. Domingos de Rana.
Convidam-se todos os amantes de versos, música e canto: das 21h30 em diante.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Novas experiências do 12ºE, no âmbito da História de Arte

Auto-retrato de Carlota Garcia


Sara Marques
Também a corrente fauve ganhou adeptos entre os alunos, como constatamos nos dois exemplos acima.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mais Experiências do 12ºE

O David Silva juntou à sua pintura um poema alusivo à mesma e ao próprio abstraccionismo:


Composição nº1

Vi as voltas tuas

envoltas nas voltas minhas.

Vi os teus semi-círculos

como quem viu

tuas espadas e armaduras.


Fui raiz quadrada de todos

os capacetes e elmos

e área de todos os campos de batalha

travados na circunferência dos teus olhos.


Fui escudeiro de todas as cores

bem comportadas

e sofri todas as investidas

de cada rasgo audaz de luz.


Apadrinhei os teoremas

e fui fiador de todos os estudos

a lápis de carvão.


Meu espírito escapava

nas profundezas dos pontos de fuga

e projectava formas a três dimensões;

Esquartejava motivos,

abstraccionava temas.


A triangularidade do meu nariz

cheirava vermelhos quentes

e verdes sem fim.


Vi triângulos e círculos

numa orgia de contentamento!

Vi danças horas a fio

e piruetas que incomodavam

o colega colorido -

vizinho das meias-luas.


Ao lado, um monte de palavras

espalhadas pelo chão.

David José Silva



Experiências do 12ºE

Na sequência do desafio lançado aos alunos de História A do 12º ano para recriarem ou se inspirarem em obras do Modernismo, eis alguns exemplos de trabalhos, partindo dos Abstraccionistas:


Ana Júlia Sanches

Marina Durante


Joana Prates


Beatriz Pereira



Ana Elvas

sábado, 20 de novembro de 2010

EXPERIÊNCIAS DA HISTÓRIA NA HISTÓRIA DE ARTE

Sónia Delaunay
Os alunos de História da nossa escola deram início à actividade Experiências da História na História de Arte.
Pretendem as professoras que os alunos, após o estudo e compreensão das correntes artísticas, autores e contextos históricos em que as correntes se inserem, experimentem e produzam, eles próprios, cópias de obras de referência ou originais inspirados nessas obras.
A turma 12ºE, de Humanidades, foi pioneira nesta actividade. Assim, foram muitos os alunos desta turma que revelaram os seus talentos e produziram obras francamente interessantes sobre as vanguardas/modernismo dos primeiros anos do séc. XX, que serão apresentadas neste blog.

Curiosamente, vários alunos escolheram "experimentar" obras do casal Delaunay, por isso, vamos recordar quem foram estes pintores:

Sónia e Roberto Delaunay, ela nascida na Rússia e ele nascido em França, viveram em Portugal, (Vila do Conde) entre 1915 e 1917, devido à I Grande Guerra que arrasava a França. Amadeu Souza-Cardoso. Almada Negreiros e Eduardo Viana, foram pintores do Modernismo português que se relacionaram com o casal. A obra dos Delaunay centra-se bastante no abstraccionismo, apesar de terem pintado também influenciados por outras correntes. Dentro do abstraccionismo, muitas das suas obras apresentam composições com círculos, como as aqui reproduzidas:
Robert Delaunay


Nos próximos posts iremos conhecer os trabalhos feitos pelos alunos inspirados na obra dos Delaunay.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dia da Música na ESQM -III

























actuações em vários espaços da Escola

Dia da Música na ESQM -II



d








Dia 1 de Outubro de 2010, Dia da Música na ESQM

DIA DA MÚSICA NA ESQM



O Dia Mundial da Música foi instituído em 1975 pelo Internacional Music Council, uma ONG sob o patrocínio da UNESCO, que pretende preservar a paz e a amizade por intermédio da música.
Este dia comemora-se há mais de três décadas em todo o mundo e, este ano, a Escola Secundária da Quinta do Marquês comemorou "em grande" tal efeméride.
Os nossos alunos músicos, espalhados pelos corredores, pátios, Biblioteca e Sala dos Professores, mostraram ao longo do dia à comunidade escolar as suas competências nesta área e deliciaram todos os que tiveram o privilégio de os ouvir. A actividade foi preparada com algum segredo, daí a surpresa para a maioria quando se começaram a ouvir os primeiros acordes.
O balanço foi muito positivo, pois para além do prazer da música, os alunos participantes sentiram-se valorizados e a amizade foi promovida, de acordo com os objectivos criadores deste dia.

O Portugal de há 100 anos


No dia em que o país comemora o centenário da Implantação da República, parece interessante recordarmos o Portugal dos últimos anos da Monarquia, para podermos compreender o contexto histórico da revolta republicana.

Vivíamos, antes do 5 de Outubro, numa monarquia constitucional. O documento legislativo base da nação era a Carta Constitucional, redigida e outorgada por D. Pedro IV em 1826, e em vigor, pela terceira vez, desde 1842.
O regime assentava no rotativismo partidário, alternando à frente do governo os partidos monárquicos Regenerador e Progressista. O Partido Republicano, fundado em 1876, crescera substancialmente, devido ao desgaste da imagem da classe política portuguesa. Em 1906, João Franco tinha sido nomeado chefe do Governo e, no ano seguinte, é dissolvido o Parlamento e João Franco passa a governar "em ditadura".
Em 1908 dá-se o regicídio, sendo assassinados o rei D. Carlos e D. Luís Filipe, o príncipe herdeiro. Assim, o jovem D. Manuel II ocupa inesperadamente o trono.

Em termos sociais, o nascimento determinava a classe social a que os portugueses pertenciam, diferenciando-os em privilegiados (nobreza) e não privilegiados (povo). A esmagadora maioria da população vivia no campo; o operariado urbano era miserável; as classes médias lutavam contra a pobreza e a burguesia capitalista era diminuta e pouco investidora. A nobreza ocupava hereditariamente cargos públicos e administrativos. O clero, através da Igreja Católica, tinha um papel de relevo na nação, sendo o catolicismo a religião do Estado.
Cerca de 70% dos portugueses eram analfabetos e, no caso das mulheres, estima-se que mais de 80% da população feminina não sabia ler nem escrever.

Economicamente, o liberalismo económico português tinha fomentado a abertura ao capital estrangeiro e fora esse dinheiro que financiara grande parte das obras públicas da segunda metade do séc. XIX (caminhos de ferro, fornecimento de água e gás, transportes urbanos, etc), deixando a nação subordinada ao investimento estrangeiro. O défice das finanças públicas crescia sem controle, aumentando as despesas com as obras públicas e os gastos coloniais. As receitas provinham essencialmente dos impostos, cada vez mais pesados, e das remessas dos emigrantes no Brasil, mas eram insuficientes, por isso se recorreu sucessivamente aos empréstimos do estrangeiro. Face à excessiva dívida pública, ao incontrolável défice orçamental e à crescente dependência do capital estrangeiro (investimentos e empréstimos), o Estado português declara a bancarrota em 1892. A partir daqui a economia toma um carácter proteccionista.

O sentimento anti-monárquico cresceu muito no final do séc. XIX/início do séc. XX, acompanhando um período muito agitado em Portugal: o Ultimatum britânico (1890); a primeira tentativa de derrube da Monarquia (o fracassado 31 de Janeiro de 1891, no Porto) ; a declaração da bancarrota; a ditadura de João Franco; o regicídio...
Dia 4 de Outubro de 1910 eclode em Lisboa uma revolta republicana, e no dia seguinte, 5 de Outubro, a Primeira República Portuguesa é solenemente proclamada a partir da varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
É este facto que hoje, 100 anos depois, comemoramos.
Mais interessante do que a efeméride em si, será reflectirmos sobre os sucessos e insucessos do novo regime político e sobre o que herdámos do novo modelo. Fica a sugestão.

Luísa Godinho




segunda-feira, 31 de maio de 2010

Dia do Autor Português




Algumas imagens da Tertúlia de Poesia Portuguesa, na Biblioteca da nossa Escola

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um Serão Poético. Dia do Autor Português

Concorrendo com a abertura do Rock in Rio, realizámos na passada sexta-feira à noite, na Biblioteca da nossa escola, o anunciado Encontro de Poesia comemorativo do Dia do Autor Nacional . A sala estava bem composta, com alunos, professores, Encarregados de educação, dois elementos da Direcção e uma funcionária. Na mesa, dirigindo os trabalhos, estiveram a profª Olga e o David Silva (do 11ºE) e, ainda, os poetas convidados, Jorge Castro e Rui Ferreira.
O programa iniciou-se com a voz do João Mateus, acompanhado ao piano pelo Tomás Castro (ambos do 11ºE). Quem não tinha, ainda, ouvido o João a cantar, ficou muito surpreendido com a qualidade da sua voz e interpretação.
O poeta Jorge Castro relatou-nos, por seu lado, as actividades que desenvolve em prol da poesia, e brindou-nos com alguns dos seus poemas, onde se evidencia uma busca do "eu" e das "raízes". (Fiquei fã do poema "carochinha", que gostava de brevemente aqui transcrever, se o autor me der permissão...).
O nosso poeta David Silva leu alguns poemas que fazem parte do seu livro, recentemente publicado, Terra Fria.
Houve ainda oportunidade de ver uma apresentação de fotografias sobre o Parque dos Poetas, da autoria da Rita Abreu (10ºE), e escutar o sr. Rui, poeta popular (... e marido da D. Rita).
Alunas do ensino Básico e do Secundário declamaram ao longo da sessão, poemas de autores portugueses, ilustrando o tema do nosso encontro.
A todos os que colaboraram e contribuíram para um serão tão rico e agradável, o sincero obrigado da organização (a Biblioteca e o Clube do Património). Ainda um especial agradecimento aos colegas da escola-vizinha, por nos terem emprestado o piano.

E, por a poesia popular ser pouco estudada, mas não menos interessante, aqui fica um excerto do poema Parque dos Poetas, da autoria do sr. Rui Ferreira:


Quando há vontade de sobra
de lutar e de vencer
há quem ponha mãos à obra
p'ra que ela possa nascer.

Assim foi cá em Oeiras
onde o sol p'ra todos brilha
tanta gente sem "barreiras"
ergueu esta maravilha

(....)
Foi este um dos desafios
a uma arte rica e bela
não precisa de elogios
porque ela fala por ela.

(...)
Sei que os homenageados
que vemos por todo o lado
dirão sensibilizados
Oeiras, muito obrigado!
(Autor Rui Ferreira)

Luísa Godinho

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Gostas de POESIA?

Escreves poesia?
Declamas?
Gostas de ouvir poesia?
Então 6ª feira, dia 21, vem até à Biblioteca da nossa Escola, às 21h.
O prato forte é a poesia, mas também há música e imagem.
Um serão especial!

domingo, 16 de maio de 2010

Futebol e Multidões...

Os dois conceitos interligam-se na perfeição, mas não é bem a minha intenção ligá-los agora e aqui.
São somente pretexto para reflectir um pouco sobre fenómenos sociais e históricos (?) que nos acompanharam nas últimas semanas.
Assim, começando pelo caso do futebol, a recente vitória do Benfica provocou nos adeptos reacções de enorme alegria, a que a comunicação social deu relevo. Fosse em Lisboa ou no Porto (aqui com menor liberdade), ou em qualquer outro espaço de Portugal, benfiquista que se preze lá foi exprimindo ruidosamente o seu grande contentamento. Até aqui tudo normal e esperado... Menos esperado foi verificar a mesma felicidade em... Angola, Cabo Verde, Moçambique! Assistimos pelos telejornais aos naturais das nossas ex-colónias a gritar pelo "seu" Benfica nas ruas e avenidas. Contou-me uma amiga que, de férias em S. Tomé, presenciou os santomenses a seguirem apaixonadamente o relato dos jogos do campeonato português, em pequenos rádios colados ao ouvido... Hoje mesmo, os jornais dão conta da visita de uma comitiva do Benfica a Timor Leste, a convite de Xanana Gusmão, ele próprio adepto deste clube, e do grande amor dos timorenses pelo Benfica (e, eventualmente, por outros clubes lusos).
Realmente, razão tinha Salazar quando se referia à singularidade do colonialismo português! Claro que o argumento se prendia com a necessidade de justificar a manutenção de uma política colonial, enquanto as nações democráticas, lá fora, iam abdicando das suas colónias. Mas, lá que o fenómeno é extraordinariamente interessante... não o podemos negar. As ex-colónias africanas, com mais de três décadas de independência, mantém com a ex-metrópole laços apertados em forma de "bola". Dá muito que pensar!
Agora as multidões: O mesmo triunfo do Benfica fez explodir multidões por todo o lado; dias antes, a comemoração dos 36 anos da Revolução dos Cravos foi pretexto para recordarmos a multidão de portugueses nas ruas em 1974, particularmente no primeiro 1º de Maio em Liberdade ( como o profº Zé António referiu no seu post); a recente visita do papa Bento XVI a Portugal envolveu e fez sair à rua milhares e milhares de portugueses... Tenho reflectido, dado estas coincidências, sobre estes fenómenos de massas. Mas outro "efeito-multidão" se me apresentou de forma muito interessante na última sexta-feira, quando, com uns alunos do 12ºF, assisti ao filme/documentário Fantasia Lusitana, de João Canijo. As imagens de época testemunham as multidões que apoiavam Salazar, por exemplo, no Terreiro do Paço; ou que visitaram a exposição do Mundo Português; ou que assistiram à missa de inauguração e consagração do Cristo Rei, em Almada.
Temos aqui presentes vários tempos históricos da nossa contemporaneidade; temos também vários áreas, como a política, a religião, o desporto. Mas... e as multidões? Será abusivo pensar que as massas que apoiaram fervorosa e apaixonadamente Salazar e o Cardeal Cerejeira em 40, podem ter estado nas ruas em 58, junto de Humberto Delgado, e no Largo do Carmo em 74? E as massas que gritaram as palavras de ordem mais esquerdistas no 1º de Maio de 74, será que podem ter acompanhado esta semana o Santo Padre?
Resta-me a coerência dos adeptos do Benfica!

Luísa Godinho

Sempre o Marquês...

Desta vez, remetemos para um vídeo que retrata, de forma genérica e acessível, a obra do Marquês de Pombal no reinado de D. José I.
Ajuda a recordar e sistematizar a acção política do estadista de Oeiras.

Marquês de Pombal, do Prof. José Hermano Saraiva

domingo, 9 de maio de 2010

Concurso de Tshirts alusivas ao 25 de Abril de 1974





Os alunos das turmas de História do 3º Ciclo foram desafiados a decorar Tshirts com motivos alusivos à Revolução do 25 de Abril. Estiveram em exposição cerca de 170 Tshirts, o que demonstrou a grande adesão dos alunos a este concurso. Depois de contados os votos, das turmas do ensino básico, verificámos que a escolha dos votantes recaiu na Tshirt da Mariana Amaro do 7ºB. Parabéns Mariana!

Luísa Godinho

sábado, 8 de maio de 2010

8 de Maio de 1945, dia da Liberdade na Europa


8 de Maio de 1945, faz hoje 65 anos que o III Reich se rendeu às forças aliadas.
José António, prof. de Filosofia da ESQM

segunda-feira, 3 de maio de 2010

1º de Maio de 2010

Não sei bem por que razão, mas senti alguma obrigação cívica em escrever sobre o 1º de Maio. Decidi, então, escrever sobre a origem histórica do 1º de Maio, ideia que acabei por abandonar. É certo que a história do primeiro de Maio é importante e, certamente, tal texto seria mais adequado a um Blog de História. Contudo, entendi que esse escrito seria interpretando como mais uma comemoração histórica do acontecimento, uma efeméride do 1º de Maio. Confesso que desconfio de comemorações e efemérides, que são, quase sempre, celebrações do poder, e escondem, quase sempre, um “requiem aeternam dona eis”.

Recordei-me, então, do primeiro 1º de Maio que não vivi por me encontrar, desde o fracassado golpe spinolista das Caldas, detido na Base Aérea de Tancos. Por alguns momentos, pensei contar-vos como fiquei impressionado, não com as imagens das grandiosas manifestações, mas, sim, com o brilhozinho nos olhos dos manifestantes. Nesse dia, estranhamente, os portugueses tornaram-se, de repente, educadíssimos, simpatiquíssimos, pediam mil desculpas uns aos outros. Foi, no fundo, o saborear, pela primeira vez ou talvez a última, da vivência da liberdade, mas saboreava-se, também, o gosto da solidariedade, do amor, da fraternidade, que são irmãs gémeas da liberdade. Para não ser interpretado como um saudosista, resolvi abandonar esse escrito, até porque detesto o saudosismo, esse atavismo lusitano que muito mal tem feito a Portugal. Lembrei-me, então, do segundo 1º de Maio, o da discórdia, marcado pelos arrufos entre os partidários da liberdade e da não-liberdade, ou melhor, pelo confronto entre os dois imperialismos. Aquela gente, que vivera tão intensamente a liberdade era, um ano depois, marcada por uma negatividade extrema. O brilhozinho nos olhos desaparecera e dera lugar a um semblante grave, a fraternidade dera lugar ao ódio, a liberdade dera lugar à prisão. Alguém fechava o estádio 1º de Maio para que outros não participassem na festa. Enfim, estavam criadas as condições para uma guerra civil, que se aproximava, dia após dia. Desisti de escrever sobre esse triste acontecimento. Afinal, num dia de festa e de unidade, será que valeria a pena recordar esse triste dia de Maio? Recordei-me, então, do último 1º de Maio, vivido no regime Marcelista, o da manifestação no Rossio, aquele em que a Marília foi presa no Cais do Sodré, reconhecida pelas manchas azuis que tinha na camisola, aquele em que alguns amigos meus, incluindo a Marília, foram presos. A Marília passou três semanas na temível prisão de Caxias e, não fosse o Inspector da PIDE/DGS Monteiro, nosso conterrâneo, aqui de Paço de Arcos, muito mais tempo teria estado presa. Subitamente, dei por mim a pensar se não estariam os nossos alunos fartos de conhecer estas histórias de um outro mundo, de uma outra época que não é a sua?

Na verdade, o meu pensamento não consegue deixar de estar obsessivamente fixado no 1º de Maio de 2010. Hoje, dia 1 de Maio de 2010, os problemas que se apresentam aos portugueses são incomensuráveis. Na verdade, como português e como cidadão, não posso esquecer que temos mais de dois milhões de trabalhadores precários e mais de seiscentos mil desempregados em Portugal. Quase por todo mundo, há uma forte desregulamentação do trabalho, por imposição do turbocapitalismo, que tende recuar a situação do trabalho, perigosamente, para níveis muito próximos dos finais do século XIX, princípios do século XX. Nesta ideologia turbocapitalista, o trabalho começa a ser visto não como um direito, mas como um dádiva do todo-poderoso mercado. A ditadura dos mercados financeiros e os paraísos fiscais vão eliminando a possibilidade de uma Europa social. A precariedade e a desregulamentação arrastam outro fenómeno - que julgávamos já ultrapassado - o cerceamento dos direitos cívicos. A globalização da mão-de-obra criou um “exército de reserva”, que desvalorizou o trabalho e os fluxos migratórios arrastam consigo outras consequências, tais como: o racismo e a xenofobia. O espectro da China, onde, ironicamente, os direitos dos trabalhadores são nulos, e onde se festeja o 1º de Maio com pompa e circunstância, vai ensombrando todo o mundo ocidental. Enfim, as centrais sindicais prometeram protestos neste 1º de Maio de 2010, em Lisboa, e noutras principais cidades do país. Tendo consciência do conjunto destes problemas sistémicos, é legitimo que pergunte, enquanto cidadão e trabalhador sindicalizado, quais as razões dos protestos e a quem devemos apresentar o nosso veemente protesto. Receio que os responsáveis pelos problemas que vivemos no 1º de Maio de 2010 sejam uma identidade sem rosto.


José António, Prof. de Filosofia da ESQM

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Comemorações do 36º aniversário do 25 de Abril na ESQM


O Grupo de História da nossa Escola desenvolveu na semana de 19 a 23 de Abril algumas actividades com o fim de evocar a "Revolução dos Cravos".

Os alunos do ensino Básico aderiram com grande entusiasmo à decoração de Tshirts alusivas à Revolução, tendo sido expostas mais de 160! trabalhos.Na Biblioteca realizou-se uma mostra de fardas militares, em alusão aos Capitães de Abril e, com o mesmo objectivo, um grupo de militares do RAAA1 de Queluz montou uma tenda no dia 21 de Abril, no pátio, e apresentou diversos objectos inerentes à vida militar.
Os alunos do 9º ano, do 11º de Multimédia e do 11º e 12º de Humanidades tiveram visitas guiadas à tenda, onde lhes foram dadas explicações sobre a vida militar nos anos 70 e nos nossos dias. Foi ainda apresentado aos alunos um pára-quedas e explicado o seu funcionamento, bem como os procedimentos de segurança obrigatórios.
Finalmente, no dia 23 de Abril, realizou-se na Biblioteca uma palestra pelo sr. Comandante Ramiro Soares Rodrigues, da Associação 25 de Abril, o qual teve participação activa nos acontecimentos do dia 25 de Abril de 1974.
Agradecemos a todos os que se envolveram e colaboraram nas actividades, particularmente à incansável profª Isabel Silva.

Luísa Godinho


sábado, 24 de abril de 2010

25 de Abril de 1915 - O Genocídio Arménio

No dia 25 de Abril de 1915, o governo dos “jovens turcos ” iniciou o massacre do povo arménio, que se estendeu até 1917. Estima-se que foram chacinados cerca de um milhão e meio de arménios. Este acontecimento ficou conhecido como “o genocídio arménio”. A constituição turca proíbe ainda hoje qualquer referência a este acontecimento. Este não reconhecimento dos crimes perpetrados pelos turcos no passado é o factor mais decisivo que impede a Turquia de entrar para a União Europeia. Apesar de tudo, o governo actual da Turquia tem procurado a reconciliação com a comunidade arménia de Istambul.

A Escola Secundária Quinta do Marquês está geminada com a Escola Arménia de Getronagan de Istambul e, como tal, neste dia, em que comemoramos o dia da Liberdade em Portugal, não posso de deixar de enviar as minhas saudações fraternas, em particular, aos professores e aos alunos dessa escola e, em geral, a toda a comunidade Arménia de Istambul.

Portugal deve muito a este heróico povo arménio de Istambul, pois foi desta comunidade que proveio um grande amigo dos portugueses – o Sr. Calouste Gulbenkian – que aqui encontrou refúgio das perseguições turcas e, em troca dessa hospitalidade, muito tem feito pela educação e cultura dos portugueses.

Getronagan Armenian High School - Istanbul
Escola Secundária Quinta do Marquês - Oeiras

Today is the 25th April, the day when we celebrate the anniversary of Liberty. Portugal was freed from dictatorship 36 years ago. Those were days marked out by the fascist repression and obscurantism as well as by social, cultural, political and economic underdevelopment. During that long night, which lasted for almost 50 years, many Portuguese people went into exile, trying to run away from hunger, persecution and the fratricide colonial war. Contrary to what happened with other peoples, the young captains took the side of the people and gave it freedom. Today, the Day of Liberty, a happy day in Portugal, I must remember our Armenian friends from Istambul, who love freedom so much as they love their city. I am sure they will also remember this day. I hope Turquey will join the European Union quite shortly.

José António, Prof. de Filosofia da ESQM


domingo, 11 de abril de 2010

Mais uma vez o Marquês...


Desta vez fui encontrar o Marquês em Vila Real de Santo António, Algarve.
Cidade de traçado geométrico, mandada erigir em Dezembro de 1773 por ordem do Marquês, desenvolveu-se numa malha urbana ortogonal perfeita, centrada na Praça Marquês de Pombal. Quatro torreões pombalinos marcam os vértices da praça central, perfeitamente quadrada.
Os edifícios foram construídos à base de peças pré-fabricadas que depois eram aplicadas no local, tornando a construção mais uniforme e célere. As obras ficaram concluídas a 13 de Maio de 1776.
O objectivo da edificação de Vila Real de Santo António era o de controlar o comércio neste importante ponto de fronteira e desenvolver as pescas, que mais tarde fariam surgir a industria conserveira.
Cidade muito interessante, esta "vila real"!

Luísa Godinho

sábado, 10 de abril de 2010

O Massacre de Katyn

O filme “Katyn” do cineasta polaco Andrzej Wajda,
cujo pai foi um dos oficiais polacos assassinados


Katyn, floresta a 400 Km a ocidente de Moscovo, é lembrada pelo terrível massacre de cerca de 22 mil oficiais, intelectuais, religiosos e proprietários rurais polacos, executados entre Abril e Maio de 1940, durante a II Guerra Mundial, pelas tropas de Estaline. O local também registou a morte de milhares de soviéticos perseguidos pelo regime estalinista.
Nas vésperas da II Grande Guerra a Alemanha e a URSS tinham assinado um pacto de não agressão que previa, ainda, a repartição da Polónia entre si. A 1 de Setembro de 1939 a Polónia é invadida pela Alemanha e duas semanas mais tarde pelas tropas soviéticas. Milhares de polacos são feitos prisioneiros pelos russos, parte deles é libertada, mas mais de 20 mil serão assassinados na Primavera de 1940 em Katyn e noutras localidades.
Em 1943 a Alemanha invade a URSS, quebrando definitivamente o pacto de não-agressão, e as tropas alemãs hão-de descobrir em Katyn as valas comuns, cheias de cadáveres polacos. Os russos são acusados pelos nazis, mas recusam essa responsabilidade e atribuem aos alemães a autoria dos massacres. Só em 1990, o presidente russo Mikhaïl Gorbatchev reconheceu a responsabilidade da União Soviética no massacre de Katyn.
Comemora-se esta semana o 70º aniversário do massacre, através de cerimónias que juntam pela primeira vez russos e polacos, e foi a caminho da Rússia, para uma homenagem às vítimas desse massacre, que o presidente polaco, a esposa, vários membros do governo, o presidente do Banco Central, deputados, militares, líderes religiosos... encontraram hoje a morte... na mesma floresta.

Luísa Godinho


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sugestão para a interrupção lectiva - II


Natureza-Morta de Josefa de Óbidos

O Museu Gulbenkian tem patente até 2 de Maio uma exposição muito interessante sobre Naturezas Mortas, de autores europeus dos sécs. XVII e XVIII. A exposição está organizada por ordem cronológica e por núcleos temáticos (flores, frutos, peixes, caça, crustáceos, cozinhas, doces, pão, instrumentos musicais, ...).
As naturezas-mortas, em séculos de fome e crise, como o foi o séc. XVII, representam uma variedade e riqueza de alimentos e objectos "desajustados" à realidade. Daí a curiosidade deste tema da pintura europeia, que pretendia expressar a riqueza daquele que encomendava o quadro ou a evocação de uma abundância perdida??
Entre as 71 obras em exposição, de pintores muito conceituados nesta forma de arte, encontram-se dois quadros da pintora do séc. XVII, nascida em Sevilha, mas que viveu em Portugal desde os quatro anos de idade (filha de um pintor português e de uma senhora da Andaluzia), Josefa de Ayala Figueira, ou Josefa de Óbidos.
Aproveite, vá ver a exposição e passeie depois pelos sempre bonitos jardins da Fundação.

Luísa Godinho

quarta-feira, 31 de março de 2010

Sugestão para a interrupção lectiva - I

Cinderela







Contaminação


Encontra-se no Centro Cultural de Belém, no Museu Berardo, uma exposição antológica da obra de Joana Vasconcelos, até 18 de Maio próximo.
Aproveite estes dias sem aulas para desfrutar da obra da artista. Surpreenda-se com a sua criatividade e espante-se com os materiais que usa nas suas obras.
A sociedade, os quotidianos, a religiosidade, a tradição e a modernidade... são reconstruídos, problematizando a cultura portuguesa e universal.
A não perder!

Luísa Godinho

segunda-feira, 22 de março de 2010

Rosa Coutinho, o Almirante Vermelho



Estamos a aproximar-nos do 25 de Abril, efeméride em que mais uma vez, este ano à sombra das comemorações da República, será lembrada a grandiosidade do movimento dos Capitães de Abril. Rosa Coutinho era um deles, o enviado do MFA a Angola, para "tratar" da descolonização, e possivelmente um escolhido da URSS para a missão. Foi pelas suas mãos que chegaram a Angola armas, e sob a sua direcção que começou a sangrenta Guerra Civil que envergonha o nosso processo de descolonização.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Questionando o Comportamento Humano



Tem este post o propósito de levantar algumas questões sobre o filme inglês com o título original “Good”, a que foi atribuído em Portugal o título “Homem Bom”.
Centrando-se na problemática da ascensão do nazismo, este filme, entre outras questões, coloca o dedo na ferida, ainda hoje cravada na alma da maioria dos alemães em primeiro lugar e dos europeus em geral: Como foi possível? Como “alinharam” os nossos pais e avós neste processo? Lembremos que Hitler chegou ao poder pela via democrática….
Parece-me que não basta explicar o horror do nazismo pela brutalidade das forças repressivas, pelo meticuloso método de controlo do pensamento dos alemães promovido pelo ministério da propaganda de Goebbels, pela pavorosa criação de um clima de medo, pela emotividade dos discursos de Hitler, pelo planeamento do holocausto, pelo tenebroso contributo do sinistro Himmler, pelo apelo ao que há de mais irracional no ser humano em tantos e tantos discursos, filmes, paradas militares …
Muito alemães ainda hoje sentem a necessidade de se justificarem permanentemente, ou através da descrição das circunstâncias em que “as coisas” ocorreram, também se afirma que as pessoas não sabiam o que se estava a passar…Existem ainda alemães que não conseguem falar deste assunto, tal é a dificuldade em verbalizar as perguntas e dúvidas que se lhes colocam perante o nascimento deste monstro no coração de um dos países europeus cultural e civilizacionalmente mais avançados. Para estes alemães e europeus aquelas explicações não são suficientes. É preciso pensarmos nos comportamentos individuais, nos actos do dia-a-dia de cada um de nós, e neste caso dos nossos antepassados recentes… Quanto a mim este filme lança questões para este debate.
Um bom exercício para tentarmos perceber melhor o que se passou e talvez para percebermos se somos Homens (e mulheres) “bons”é colocarmo-nos no lugar daquela personagem “Halder” e imaginarmos o que faríamos nós naquelas circunstâncias?
Teríamos colaborado com aquelas autoridades políticas sem hesitar, como o protagonista do filme? (é claro que a maioria dos alemães não tinha conhecimento do que se estava passar: perseguições, campos de concentração, no entanto, tinham muitas outras informações….) Mas …reparemos que Halder ( Professor universitário, homem reconhecidamente culto e informado) sabia que o seu amigo fora proibido de exercer medicina pelo simples facto de ser judeu! Volto à minha pergunta inicial: Teríamos, nós, dado ajuda aos nossos amigos?
Depois deste exercício se acharmos que não conseguiríamos fazer melhor do que ele, parece-me importante reforçar o nosso espírito de “alerta” o mesmo é dizer o nosso sentido crítico, tornarmo-nos mais “avisados”, informados e corajosos, ou seja mais humanos.
Parece-me que este “Homem do filme”, só aparentemente é bom. Porque é muito hesitante, porque se protege demais, lembremo-nos que a certa altura diz Para Maurice, que lhe pede ajuda…” Mas são eles que estão no poder!”…é como quem diz … Se eles estão no poder eu tenho que colaborar, para me defender, tenho que obedecer, não me posso prejudicar…Trata-se aqui de uma questão moral de enormíssima importância. É aqui que se estabelece a diferença entre um verdadeiro ser Humano e alguém que anda por aí, para defender a sua “vidinha”. Estarei a exagerar?
Claro que Halder (de passagem pelo campo de concentração) descobre a tragédia! Começa a sentir-se muito mal consigo próprio… esta personagem é obviamente muito diferente dos monstros que, com Hitler, organizaram o Holocausto, mas, quanto a mim, este professor universitário personifica os milhões de alemães, europeus, norte-americanos… que também tornaram possível o holocausto.
O que será então um Homem Bom? Fica a pergunta para quem quiser comentar.
Sabemos que algumas pessoas de grande coragem ajudaram de forma muito consequente os seus amigos, e em alguns casos milhares de desconhecidos. Aos meus alunos do 9ºA e 9ºB recomendo o visionamento do filme a “Lista de Schindler” (existe no centro de recursos) e uma pesquisa sobre o nosso Aristides de Sousa Mendes. Os resultados dessa pesquisa podem ser publicados aqui no “Toca a Historiar”.
Isabel Isidoro

segunda-feira, 15 de março de 2010

Palestra sobre o Holocausto


Jardim dos Justos, JerusalémO Dr. Amir Sagie, da Embaixada de Israel, proporcionou à turma do 12º ano de Humanidades uma aula diferente, onde foi tratado o tema do Holocausto.
Relacionando as perseguições aos judeus, no séc. XX, com a subida ao poder do Partido Nazi na Alemanha, retratou a evolução dessas perseguições e referiu-se à Noite de Cristal, às deportações, à criação de guetos e à "Solução Final", com a criação de campos de extermínio.
Na parte final da palestra, o Dr. Amir Sagie destacou a acção e a personalidade de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português em Bordéus que, desobedecendo a Salazar, salvou milhares de judeus com os vistos de entrada em Portugal que passou. Valeu-lhe esta conduta um processo disciplinar, a despromoção, a reforma compulsiva e uma imensa dificuldade em sobreviver com a família de 14 filhos.
Aristides de Sousa Mendes é o único português que faz parte dos "Righteous Among the Nations" (Justos entre as Nações) no Yad Vashem Memorial, em Israel. No Verão passado tive a oportunidade de participar numa cerimónia em sua memória, neste Memorial, onde, no Jardim dos Justos, há um enorme pinheiro com o seu nome.
Após esta palestra tão interessante e as actividades que têm sido desenvolvidas à volta do tema do Holocausto, ficou nos alunos o desejo de conhecer mais sobre a cultura e a religião judaicas.

Luísa Godinho

quinta-feira, 11 de março de 2010

Testemunho de uma experiência na Alemanha de Leste


membro da Stasi, a polícia secreta da RDA




Trabant ou Trabbi, um dos ícons da RDA





A professora Elisete Silva esteve na aula de História do 12ºF a falar-nos sobre a sua experiência de dois anos (1983-85) na antiga RDA, como leitora de Português na Universidade de Economia de Berlim Oriental. Foi muito interessante o seu relato sobre as características do povo, as paisagens, os hábitos de vida, o "controlo" do Estado sobre os cidadãos, o Muro de Berlim...
Mostrou-nos algumas imagens e um chapéu da polícia Stasi, a polícia secreta que empregou largos milhares de alemães e que controlava a acção dos cidadãos de leste.
Os alunos colocaram várias questões e puderam consolidar a matéria dada na aula com este testemunho de quem vivenciou uma realidade histórica e cultural muito particular. Foi uma aula muitíssimo interessante.

Luísa Godinho