domingo, 25 de dezembro de 2011

A Tradição do Presépio


A tradição do presépio, na sua forma atual e em peças de barro, tem a sua origem somente no século XVI..Antes disso, na Idade Média, existiam presépios compostos por figuras ao vivo, muitas vezes com a presença de um burro e uma vaca, e com um bebé na manjedoura. Estas representações ajudavam os sacerdotes a ensinar a história do nascimento de Jesus, a um povo predominantemente analfabeto.

O Auto dos Reis Magos, de Gil Vicente, escrito a pedido da rainha D. Leonor para ser apresentado no Dia de Reis, foi uma forma pioneira de teatro religioso com as figuras do presépio ao vivo. Mais tarde passou a ser representado no adro das igrejas, para o povo assistir.

Por outro lado, existiam também os retábulos das igrejas, que representavam desde a Idade Média imagens do presépio, esculpidas, com maior ou menor relevo, em madeira.

A referência mais antiga a figuras de presépio em barro, em Portugal, encontra-se num documento do início do séc. XVI, em que se faz uma encomenda de figuras do presépio, para as infantas, filhas de D. Manuel I.

Realmente, só a partir dos finais do séc. XV/início do séc. XVI é que se pode falar em presépio, ou seja, as figuras das cenas de Natal libertam-se pouco a pouco das paredes dos altares, começam a aparecer pequenos grupos de figuras soltas, independentes umas das outras, que podiam ser admiradas de todos os lados e que permitiam montar cenas diferentes.

É esta a característica principal que distingue o presépio de todas as outras formas de representação do nascimento de Cristo: o presépio é modificável e pode ser montado de formas diferentes, numa época definida e num espaço de tempo estabelecido.

A partir daqui, as igrejas, os conventos e a corte encomendaram maravilhosos presépios a ceramistas, que eram montados no período do advento e guardados até ao ano seguinte. Destacam-se os elaborados presépios dos sécs, XVII e XVIII, que representavam, para alem das figuras principais, cenas do quotidiano e das regiões onde eram produzidos. Mais tarde saíram da corte e das igrejas passaram a enriquecer o Natal das casas privadas.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ainda não é tarde!




Foi uma das melhores lições de História que ouvi até hoje. Mais do que isso, foi um bálsamo contra a doença que se chama depressão nacional em que vivemos. Quem disse que os jovens não se interessavam pela nossa História? Enganou-se! Os nossos alunos absorviam, com interesse quase fora de comum, as palavras e as imagens dessa aventura da Sagres, numa espectacular viagem de circum-navegação, comandada pelo nosso orador, Sr. Comandante Proença Mendes. Revisitámos os lugares percorridos pelos nossos antigos navegadores, refizemos a viagem de Fernão de Magalhães e navegámos com a Sagres por todos os oceanos do mundo. Por razões afectivas, que têm a ver com o meu passado familiar, retive com particular entusiasmo as aventuras da Sagres pela costa da Ásia.
O passado foi referido sem lamechice ou patriotismo serôdio. A História, tal como a entendo, não deve cingir-se apenas à compreensão do passado, mas deverá compreender o presente, permitindo criar planos para o futuro. É importante dizer sem acanhamento aos mais novos que, na verdade, fomos grandes, deixámos uma imagem respeitável nos quatro cantos do mundo, ao contrário de outros parceiros europeus, nomeadamente, os holandeses, os ingleses e os franceses. Em toda a costa da Ásia, em alguns casos, através de uma inteligente política militar e diplomática, impusemos a nossa vontade a povos locais, soubemos negociar e cativar outros, fizemos alianças com povos ricos e poderosos. Em suma, deixámos uma imagem de seriedade, de respeito e de estima, e, por toda a parte, fizemos amigos. Deixámos fortalezas, igrejas e vocábulos desde Ormuz a Sião e Malaca, até Macau e China e ao Japão. Ainda hoje há comunidades ao longo da costa da Ásia que falam português, que vibram com a Selecção Portuguesa e que se orgulham em ter um antepassado português.
Infelizmente, trocámos este capital cultural e humano por uns cheques europeus que se esfumaram no novo-riquismo e no alcatrão de estradas mal construídas. Agora que essa ilusão acabou, é tempo de mudar.
Depois de uma brevíssima conversa, no final da sessão, em que me lamentava sobre o facto de Portugal ter desbaratado esse precioso capital de boas relações entre estas nações da Ásia, o Sr. Comandante, respondeu-me que apesar de tudo “ainda não é tarde”.
Este ano de 2011, ano em que se comemora os 500 anos da chegada dos portugueses ao reino de Sião, constitui uma oportunidade para relançar pontes culturais, políticas, diplomáticas e comerciais com os povos da Ásia e, concomitantemente, reparar a ingratidão a que temos votado as comunidades que, por lá, ainda falam português e que, com muito custo, preservam, com orgulho, muitos vestígios de portugalidade.
Obrigado, Sr. Comandante Proença Mendes, e a toda a tripulação da Sagres!


José António

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A viagem de circum-navegação

Tivemos o enorme prazer de receber na passada 3ª feira, 29 de Novembro, na nossa escola, o sr. Comandante Proença Mendes do Navio Escola Sagres, para falar às turmas 8º A e F e 11ºE da extraordinária experiência que viveu entre 19 de Janeiro e 23 de Dezembro de 2010: a viagem de circum-navegação.
Iniciámos a nossa actividade com uma interessante dramatização sobre a primeira viagem de circum navegação, realizada no séc. XVI, da responsabilidade do visionário português Fernão de Magalhães, e concluída, após a sua morte, pelo espanhol Sebastian del Cano. Esta primeira viagem significou um enorme contributo para o conhecimento científico da época, provando-se a esfericidade da terra.
Após esta actividade, alunos e professores deliciaram-se com o relato do sr. Comandante e as imagens que nos trouxe de paragens tão diversas e gentes tão variadas. Falou-nos de muitos dos 27 portos que receberam a Sagres, dos milhares de milhas navegados, dos oceanos cruzados, das actividades desenvolvidas dentro do navio, das pessoas recebidas, etc, etc. Soubemos de algumas peripécias divertidas, passadas dentro e fora do navio e, através das suas explicações, aprendemos episódios vividos pelos navegadores portugueses do período da Expansão portuguesa.
Esta viagem teve um aspecto de relevo, que foi a diplomacia cultural. Foi levado o bom nome de Portugal e a sua riquíssima cultura a paragens longínquas, como o Brasil, a Argentina, os EUA, o Japão, a Tailândia, Goa, o Egito, entre tantas outras. Diversas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo tiveram a oportunidade de reencontrar uma parte da sua portugalidade; países irmãos estreitaram laços através da nossa gastronomia, música, tradições e simpatia; figuras de destaque foram recebidas a bordo do navio e milhares e milhares de curiosos visitaram e receberam no nosso navio a boa imagem de Portugal.
Queremos agradecer ao sr. Comandante, que é pai do João Afonso, do 8ºA, por partilhar connosco informação tão interessante (particularmente a da passagem do cabo Horn e a da visita a bordo da princesa do Japão...), aos colegas que nos apoiaram e aos alunos que participaram na dramatização inicial. E como todos gostámos imenso, gostávamos de estender esta experiência a outras turmas, quando houver disponibilidade do sr. Comandante.